#14 Trop Drops | Sustentabilidade Beta
Shows com comida vegana, marcas que ajudam você a se tornar empreendedor, vassouras feitas de garrafas PET — o que tudo isso nos diz sobre nossa relação com a sustentabilidade?
Trop Drops é um conteúdo mensal para nossos assinantes acompanharem sinais de comportamentos emergentes a partir do Radar de Tropicalização - metodologia exclusiva de Trop para mapear e localizar tendências, que você pode conhecer em detalhes aqui :)
Nos últimos anos, as empresas começaram a falar mais sobre ESG — que significa fazer negócios de forma sustentável, ética e socialmente responsável. Os consumidores também passaram a prestar mais atenção a esse movimento. Hoje, as marcas precisam se preocupar com essas questões para manterem sua relevância, tanto que até celebridades têm sido criticadas publicamente por seu impacto ambiental.
Porém, mesmo com toda essa conscientização, quando as pessoas vão às compras, ainda hesitam em escolher produtos sustentáveis. O motivo? Elas priorizam dois fatores: preço e praticidade. A sustentabilidade acaba sendo vista apenas como um bônus. Todo mundo sabe que existe uma crise climática, mas poucas pessoas assumem a responsabilidade de fazer algo a respeito. O principal motivo? Ser sustentável exige muito esforço e mudança de hábitos. E como a experimentação está relacionada ao ganho do consumidor, a gente nomeou esse posicionamento como sustentabilidade Beta.
💡O consumidor não está disposto a entrar em uma revolução verde radical, mas sim a adotar um modelo com alternativas sustentáveis motivado pela sensação de ganho. A Sustentabilidade Beta é sobre integrar soluções sustentáveis ao dia a dia sem exigir sacrifícios individuais — não como um fardo, mas como algo que não crie resistência. As marcas que entenderem isso e souberem traduzir a sustentabilidade como um ganho real para o consumidor sairão na frente.
Abaixo, alguns dos dados do nosso Report Trop:
Movimentos em busca de sustentabilidade com preços acessíveis geraram comunidades globais dedicadas ao "thrifting" — a prática de comprar itens de segunda mão, que está sempre em alta no TikTok e não é de hoje. Em nosso Radar, esse movimento é sinalizado pela variável a6. Grupos e Movimentos, foi partindo dai que mapeamos como algumas das marcas globais estão se adaptando à tendência para não perder seus consumidores que se preocupam com a sustentabilidade e o consumo desenfreado. Esse movimento de economia circular não só faz com que o consumidor se sinta bem por estar contribuindo com o planeta, mas também foca no comportamento da geração de conteúdo, já que não basta somente encontrar algo bom, bonito e barato — "eu preciso postar, gerar conteúdo e engajamento, só assim minhas preocupações sustentáveis serão válidas, já que as tornei realidade ao postar."
Usuários do TikTok mostram seus achados de segunda mão na plataforma.
Indo mais a fundo no movimento observamos que surgiram os Programas de "Buy & Resell" (Compra e Revenda) de marcas globais queridinhas do povo eco-friendly. Essa força que originou uma economia circular criada por Marcas super conhecidas entra no nosso Radar dentro da variável a7. Plataformas e Marcas Globais, onde se encaixam exemplos como a Ikea e a Patagonia, que compram itens usados das próprias marcas que ainda estejam em bom estado e os revendem. No caso da Patagonia, ela repassa o produto em crédito imediatamente, que pode ser usado tanto na loja de "segunda mão" da marca quanto para adquirir um produto novo.
Mas e aí, tem como levar iniciativas sustentáveis pra um show do seu artista favorito sem parecer forçado?
Pode apostar que sim!
Artistas também estão abraçando iniciativas e ESG, mas alguns deles, como Billie Eilish na sua turnê "Hit Me Hard Hit Me Soft", criaram uma experiência super especial para os fãs, mesclando música com consciência ambiental de um jeito super natural. Em parceria com o Google Maps, ela convida os fãs a explorarem opções eco-friendly de transporte, como ônibus, caminhadas e bikes. E tem mais: os fãs podem trazer suas garrafinhas para reabastecer nas estações de água gratuitas, além de experimentarem um cardápio à base de plantas em todos os shows.
As "eco-villages" são outro ponto alto dos eventos — são espaços super acolhedores onde os fãs podem se conectar com organizações ambientais e descobrir novas iniciativas para ajudar o planeta. A campanha Support+Feed é um convite super bacana para os fãs experimentarem uma refeição vegetariana por dia, durante um mês e ainda participarem de ações solidárias de doação de alimentos.
Iniciativas como a de Billie Eilish exemplificam como a Sustentabilidade Beta funciona na prática: consumidores sendo recompensados com benefícios tangíveis, como uma experiência de show mais consciente, enquanto participam ativamente de ações sustentáveis que têm impacto no coletivo. Isso não só melhora a experiência do consumidor, mas também fortalece o movimento de mudanças ecológicas no cotidiano, promovendo uma verdadeira transformação no comportamento sustentável.
Mas salvar o planeta e fazer uma graninha não é exclusividade das marcas grandes. A variável b4. da Educação Monetizada pulsou forte em nosso Radar Trop, e foi daí que observamos como a monetização da economia circular está se transformando. A prática de ganhar dinheiro com reciclagem é tradicional no Brasil — como vemos nas famílias que se sustentam há anos com a venda de materiais recicláveis. Um exemplo inspirador é o Gari Ecológico, um “creator” brasileiro que está viralizando nas redes sociais com mais de um milhão de inscritos no seu canal do YouTube. Ele criou ferramentas simples para transformar garrafas PET nos mais diversos itens, tendo como carro-chefe as vassouras super criativas. O Giorgio desenvolveu cursos para ensinar os curiosos eco-friendly a usar as ferramentas que ele também comercializa. O mais bacana é observar os comentários em diversas línguas admirando o trabalho criativo do Gari Ecológico. Aliás, o famoso Hotmart também está dando espaço à criação de cursos para auxiliar pessoas que queiram fazer uma renda extra com reciclados, incluindo parâmetros e regras internacionais para que os alunos aprendam a qualificar materiais, inclusive para exportação.
Se antes a gente corria atrás de copos de café, canudos reutilizáveis e sacolas retornáveis, hoje a gente sabe que a responsabilidade também vem das marcas e negócios. Para as marcas, falar de sustentabilidade não é mais um diferencial. Os consumidores querem benefícios tangíveis e histórias que façam sentido para suas vidas. Não é sobre mostrar números de redução de carbono em relatórios corporativos - é sobre criar uma conexão genuína que faça o consumidor se sentir parte de algo maior, enquanto recebe valor real por suas escolhas conscientes. Nessa vertente, nossos receptores no Radar Trop nos apontaram para a Pantys que, pela variável b.7 Startups e Marca de Nicho, não está só inovando com calcinhas absorventes. A marca entra na vida do consumidor abrindo espaço para storytelling, isso porque ela auxilia você a criar sua própria lojinha Pantys, fazendo a diferença pro planeta e complementando a renda de quem decide entrar pro clube. A gente ama um case de cocriação por aqui, ainda mais quando ele é um movimento de sustentabilidade.
Vamos buscar na nossa última etapa o que já está acontecendo dentro do nosso cotidiano aqui no nosso quintal, como a etapa de Apropriação do nosso radar aponta para o agora:
Baixe o nosso report pra ter acesso a pesquisa completa
Dentro da variável c5. Regulamentações, a gente traz uma notícia que já está em prática com o início deste ano letivo no Brasil.
Dentro da variável c5. Regulamentações, a gente traz uma notícia que já está em prática com o início deste ano letivo no Brasil.
É de pequeno que se aprende, como diz o ditado popular. A boa notícia é que a partir deste ano a Educação Climática fará parte dos currículos escolares. Temas como "mudança climática" e "proteção da biodiversidade" serão abordados. Essa medida visa preparar educadores e estudantes para trabalhar esses tópicos com profundidade, promovendo uma compreensão mais ampla das questões ambientais desde a educação básica. *Segundo o Ministério da Educação (MEC), o objetivo da nova lei é justamente "atualizar e inserir cada vez mais a educação ambiental nas atividades escolares com estudos, pesquisas e experimentações voltadas às ações efetivas de prevenção, mitigação e adaptação à crise climática".* Essa conscientização, com a qual a geração Alpha já está crescendo, irá criar futuros consumidores mais cientes do seu papel e, possivelmente, cocriadores de soluções com marcas em um futuro próximo, uma vez que são extremamente preocupados com temas globais e mudanças climáticas.
Estudo revela que 63% das crianças brasileiras estão preocupadas com a natureza e a sustentabilidade - Carta Amazônia - o podcast das multivozes
“Estudo Gen Alpha into Reality” do Grupo Alexandria
Meio Ambiente - por g1 - globo.com
E para terminar esta edição:
A Sustentabilidade Beta é um dilema que vai além da simples fricção entre emergências climáticas e consumo consciente. Ela reconhece o conflito existente entre a urgência das questões ambientais e as escolhas do cotidiano dos consumidores, na maioria das vezes influenciadas pela praticidade e pelo preço. A grande virada de chave para um futuro mais verde será debatida por todos — já não é mais um assunto que habita somente as mentes de pesquisadores e atores na área de sustentabilidade. Para as marcas, criar produtos que atendam apenas às necessidades ambientais não é suficiente; é preciso oferecer benefícios tangíveis aos consumidores que resultem em impactos ambientais significativos.
Métricas de carbono e mudanças superficiais, como canudos recicláveis, não bastam para construir um futuro verdadeiramente sustentável. É essencial considerar a justiça climática e gerar um impacto coletivo que una consumidores, marcas e comunidades engajadas nessa transformação. Estamos prontos para ir além do papel reciclado e dos canudos de alumínio? A sustentabilidade do futuro será mais que um compromisso empresarial – será um pacto coletivo em que todos ganham, e o consumidor exige seu lugar nessa equação.
TROP - sinais de um futuro tropical, latino e circular
Acho que a pesquisa mostra que o consumidor tá mais interessado em vantagens e em experiências do que na sustentabilidade em si, já que o produto sustentável ganha atenção quando vinculado a esses dois fatores. Também acho que isso representa um consumidor ainda muito ignorante sobre o tema é que é suscetível ao greenwashing.